terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Miguel Ribeiro Telles: "Acredito que vamos ser campeões"

JORNAL SPORTING – Que balanço faz da prestação do Sporting na primeira volta da Liga Sagres?
MIGUEL RIBEIRO TELLES
– A primeira volta revelou que temos uma equipa muito competitiva e com muita qualidade, que nos permite encarar com optimismo os jogos que faltam até ao fim do campeonato. Julgamos que a política seguida no Verão passado, de procurar estabilizar o plantel – mantendo a maioria dos jogadores mais influentes e de contratar alguns jogadores já conhecedores da realidade do Clube – trouxe-nos consistência e identidade. Foram esses os factores que, conjuntamente com a Direcção do futebol profissional e a equipa técnica, identificámos no ano passado e que precisávamos de melhorar. Contávamos estar já na frente, mas estamos muito perto.

– Para que o sucesso do modelo estratégico montado para a equipa profissional e para que a formação seja total, pode dizer-se que falta apenas a conquista do campeonato nacional?
– Delineámos uma estratégia de estabilidade e de consolidação do sector profissional e do da formação, baseada na exigência e no rigor aos mais diversos níveis e percorremos um caminho que está à vista de todos e que é bem conhecido. Por tudo isso e pela nossa forma de estar no desporto, também saberemos assumir as nossas responsabilidades. Com todas as consequências que forem necessárias. Dissemos, no início deste mandato, que o Sporting tinha de ser campeão a curto prazo. Ganhámos duas Taças de Portugal, duas Supertaças, conseguimos três apuramentos para a Liga dos Campeões e chegámos este ano, pelo menos, aos oitavos-de-final desta prova. Foi bom, mas falta um título que muito ambicionamos e que temos muita vontade de alcançar. No entanto, seria muito inglório se o não viéssemos a conseguir por factores que não deveriam ter influência nessa conquista, como já sucedeu em épocas anteriores.

– Quer dizer com isso que o Sporting só não alcançou o título, nas últimas épocas, devido às arbitragens?
– Não necessariamente. Não podemos continuar a sentir que não nos basta ser melhores do que os outros para sermos primeiros. Sentimos, genuinamente, um ambiente corporativo da parte dos árbitros que agora, lamentavelmente, parece ter chegado aos escalões de formação. Temos a sensação, que admitimos não corresponder à realidade, que continuamos a ser penalizados por não aparecermos em nenhuma escuta telefónica a arranjar nomeações de árbitros, por não solicitarmos reuniões sem sentido à Comissão de Arbitragem, por termos pedido há muito tempo, nomeadamente, a introdução de meios tecnológicos de apoio aos árbitros ou a separação da gestão e da avaliação dos árbitros, etc., etc. Gostávamos muito que esta convicção pudesse ser desmentida.

– Sente que esta Direcção tem sido muito visada, inclusive por sportinguistas?
– O que nos custa mais são as críticas de alguns sportinguistas que, normalmente, têm a particularidade de procurarem o seu espaço na imprensa imediatamente a seguir aos desaires. Mas temos de as aceitar, apesar de termos uma maneira diferente de ver o Clube. Uma Direcção eleita com 74 por cento dos votos deve seguir o seu mandato sem ser constantemente torpedeada, até porque, concluído esse mesmo mandato, os sócios irão dizer de sua justiça. A política do bota-abaixo não faz sentido quando todos procuramos o mesmo. Mas devo dizer que, alguma imprensa, também tem que ser mais rigorosa e menos medíocre. Por exemplo, no outro dia ficámos a saber por um jornal que já estamos definitivamente arredados do título….Será informação privilegiada? Veja-se, outro exemplo, a forma como o caso do Simon foi tratado na imprensa, até em comparação com outros e as sentenças definitivas e até executórias de muitos opinadores que, agora, não têm de responder perante ninguém por aquilo que disseram e escreveram. Também temos o direito de achar, aliás, de ter a firme convicção de que a comunicação social não é toda isenta e imparcial. Nem tem de o ser. Devem é assumir-se.

– Na última jornada da primeira volta, o Sporting deixou fugir a liderança da Liga. Ainda assim, acredita que a equipa liderada por Paulo Bento pode alcançar os objectivos a que se propôs?
– Acredito que vamos ser campeões e acredito que o grupo de trabalho merece esse título. Temos de consolidar a nossa posição de Clube líder na formação, a nível mundial, com cada vez melhores resultados da equipa principal. Uma coisa só faz sentido se culminar na outra. Já estamos no top 20 europeu, onde somos o primeiro clube português, mas temos de ambicionar sempre mais e mais.

'Preparação da época feita de forma ponderada'

– Em termos financeiros, a época voltou a ser preparada com algumas cautelas e sem entrar em «loucuras».
– A preparação da época foi feita, mais uma vez, de forma ponderada, tendo em conta aquilo que é a nossa capacidade de gerar receitas e a nossa realidade associativa. Os resultados dos exercícios anteriores permitiram-nos ser um pouco mais arrojados, embora continuemos muito longe dos números quer do investimento, quer dos custos dos nossos principais concorrentes. Mas, atenção, não queremos ter nenhum tipo de desculpas. Quando assumimos o objectivo de sermos campeões este ano, fizemo-lo conhecendo os outros orçamentos e não foi isso que nos fez voltar atrás.

'Acreditem nas suas capacidades'

– Deixa algum apelo aos árbitros?
– Na segunda volta, apelamos aos árbitros para que façam um esforço para se alhearem de todos os factores que possam induzi-los ao erro, que não liguem às pressões que usualmente são feitas antes e depois dos jogos, que não se deixem condicionar por quaisquer eventuais tentativas de influências e, por fim, que acreditem nas suas capacidades para terem a confiança necessária para errarem o menos possível.

'Não tenho necessidade de protagonismo'

– Tem sido «acusado» de falta de protagonismo e de descrição exagerada...
– Não tenho nenhuma necessidade de protagonismo. Mas, também acho que uma SAD não deve falar a várias vozes. As pessoas têm é de ter a noção que, quando qualquer um de nós fala, está falar por todos. Mas, também já sabemos como é. Se falamos pouco, é porque devíamos falar mais. Se falamos mais, não devíamos falar tanto. Se só fala um, é porque está desapoiado. Se falam muitos, é porque não deviam falar tantos. O caso do Paulo Bento é paradigmático. Tanto somos acusados de o apoiar de mais, como somos acusados de o deixar sozinho. Aliás, se compararmos com outros clubes, veremos que as diferenças não existem. São é tratadas de forma diferente por alguns opinadores. Mas, aí temos a grande vantagem de, internamente, termos hoje na SAD, desde o Paulinho até ao presidente, uma equipa solidária, coesa, consciente dos seus objectivos, imune a esses fait-divers e com uma enorme dedicação a uma causa.



Brevemente info acerca da INVASÃO À TROFA!

Sem comentários: