segunda-feira, 29 de março de 2010

Nélson: «Gostava de regressar ao Sporting»

R - Esteve 9 épocas no Sporting, nenhuma delas tão negativa em termos de resultados como a atual. A que se deve esta época falhada do Sporting? Uma mudança de página ou havia algum cansaço de Paulo Bento?

N - Já saí do Sporting há alguns anos. Sabe que isto tem tudo a ver com os ciclos de que falei há pouco e o Paulo Bento acaba por ser um caso raro em termos de longevidade como treinador do Sporting. Às vezes, isso tem algumas consequências e o que me pareceu é que o Paulo teve, muitas vezes, de dar a cara em situações que não eram da sua responsabilidade, provocando um desgaste da sua imagem.

R - Mantém boas relações com Sá Pinto e Liedson. Conhecendo bem ambos, como explica o grave desentendimento entre eles?

N - Não me sinto à vontade para comentar esse assunto dado o relacionamento que tenho com os dois. Conhecendo bem ambos, ainda não consegui encontrar uma explicação muito lógica. Sabendo que têm feitios distintos, não estava à espera que a situação tivesse um desfecho destes e entristece-me um bocado. Agora, dar uma opinião em termos do que se passou, também não assisti pelo que tudo o que pudesse dizer seria com base nas coisas que se vai ouvindo. Não tendo a certeza da verdade, prefiro ficar na minha e manter a boa relação com os dois. Prezo muito os amigos. E, como já disse antes, tenho poucos no mundo do futebol, onde tenho muitos conhecidos.

R - Gostaria de um dia voltar ao Sporting?

N - É claro que sim. Não digo como jogador, porque o meu tempo está a passar. Mas, lembro-me da entrevista que dei antes do jogo do Belenenses, esta época, em Alvalade. Toda a gente sabe qual é o meu próximo sonho, e para o qual me estou neste momento a formar: ser treinador de guarda-redes. Quando saí do Sporting, fui convidado para assumir esse cargo nas camadas jovens, mas entendi que seria um abandono de carreira precoce, aos 30 anos. Sentia-me em muito boas condições e não podia aceitar. Gostava que um dia isso acontecesse.

R - E tem vindo a preparar-se para assumir tais funções?

N - Tenho vindo ao longo deste tempo a trabalhar muito nisso. Fundei a minha escola de guarda-redes, que pertence a uma das escolas Academia Sporting, que funciona no Turcifal, Torres Vedras, em que coordeno e executo tudo com mais uma pessoa a ajudar. Estou também na universidade a fazer uma pós-graduação em treino de guarda-redes, em que sou um dos professores, continuando em constante pesquisa sobre tudo o que está a aparecer em termos de novidades. Apesar de não ter começado a minha vida futebolística como guarda-redes mas sim como avançado, sou um apaixonado pelas balizas. Talvez não tenha sido um guarda-redes de grande expressão, mas tenho a certeza que fui um excelente aluno para poder vir a ser um bom professor. Também tive a sorte de apanhar pessoas de muita qualidade a ensinarem-me, começando desde logo pelo Vítor Damas quando cheguei ao Sporting. E depois o Silvano de Lucia, que considero o meu pai em termos futebolísticos.

R - A má temporada do Sporting não estará também a ser agravada pela excelente campanha do Benfica, rival de sempre?

N - É certo que o Benfica está a fazer uma época extraordinária. Penso que é o principal candidato ao título, apesar da excelente réplica dada pelo Sp. Braga, cujo plantel é muito equilibrado. O Carlos Freitas tem mérito na forma como ajudou a construir aquele plantel. Contudo, depois de somar tudo, a própria performance do Benfica na Liga Europa leva-me a pensar que é o grande candidato, mas o futebol é uma caixinha de surpresas...


R - Fazendo uma pesquisa com o seu nome na wikipédia, surge a indicação de que foi o jogador mais querido do plantel do Sporting. O que sente ao ler essas palavras?

N - Como deve calcular, é sempre bom ser reconhecido no mundo do futebol como um bom colega. Não é fácil lidar com um balneário onde há muitas nacionalidades, raças e culturas diferentes. Felizmente, talvez devido à minha maneira de ser, consegui ser sempre um elemento aglutinador do grupo de trabalho. Quando cheguei a um dos capitães do Sporting não foi por antiguidade, mas por ser nomeado pela administração porque acreditavam nessa minha qualidade e isso deixa-me muito orgulhoso. Depois disso também fui capitão na Amadora... a forma como, ainda hoje, sou recebido por todos em Alvalade deixa-me contente e é das coisas boas que levo do futebol.

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